1 de dez. de 2008

In sanidade III - o fim

Virtuosos vibratos contidos
A fronteira simboliza bem,
Gravidade imponente pos-permissividade.
Compreensão desse ardil imanente,
Ensimesmado.
A alienação e a agressão
Código de sobrevivência que vigora.
N’alma minha, celeuma causada.
Fátuo
Desnuda precedentes
Distante dos mínimos princípios.
A verdade era desesperadamente importante,
Eu suportei até quanto pude.
A paixão possui um poder pernicioso
Segredos perdidos da sua feitura.
Meu amor adormeceu de modo inquieto,
Uma sombra cobriu meu coração
Miseravelmente escravizado.
Chorando pela dureza do mundo
O tormento já era quase insuportável.
Não havia nada mais, nada que valesse a pena-
Remoer sentimentos.
O amor o devorou.

20 de nov. de 2008

In sanidade II

No arrebatamento que me toma
confiada ao seu engodo há tantos idos,
despejas demasiado violenta sobre mim,
complexa e lenta ruminação -
do que entender não posso.
Gritos surdos, desabrigados,
insistem em enfiar as unhas na alma, dilacerando mundo.
Subindo a passos largos,
num impulso agarra as mãos lugubremente em farrapos, iracunda.
Exasperava e me ascendia em vão,
mergulhando nas garras da loucura.
Sobrepujar em eloquencia era apenas o reflexo
do sofrimento e da dor, paridos todos.

18 de nov. de 2008

Findo

O instante me foge,
sentimentos estanques, inertes.
Fôra apenas um contratempo pragmatista,
destravando as portas para percorrer sozinha,
o resto do mundo.
Ofuscantes luzes refletiam-se fluorescentes
nas imagens do meu corpo traçadas no chão.
Renasço arrancando violentas lembranças
de redimida alma minha: para insistir na imagem,
que fatigada a conta regressa.
Ponto.

17 de nov. de 2008

Salvar-me de mim

Não sou cult
Não sou cool
Nem uso grifes
Não sou moderna
Não sou retrô
Nem tenho grana
Não nasci em comunidade alternativa
Não sou filhinha de papai
Nem filha da puta
Não ouço Barnabé
Não ouço
Nem Tom Zé
Não sou hippie
Não sou chic
Nem beatnik
Sou mulher, inconstante
Sou querer
Sou poeta.

13 de nov. de 2008

...

Dadas acomodações adequadas e
arquétipos impostos,
este perene devaneio
errante, ulula.
Ofegante e visceral, o pensamento-matéria
nunca se perdeu no emaranhado.
Enuncia cada verso em
aparições midiáticas -
mera decadência dissonante.
Às favas com as armadilhas da incompreensão que nos espreitam.
Berlotas por trás dos elos que nos unem,
cérebro nosso de cada dia,
essas conexões evidenciam.
Fumá-los todos ia.

6 de nov. de 2008

In sanidade


Na disparidade entre os sentires,
prefiro dissolver-me
ao longo das andanças e percalços
de minha história.
Rarefaço plúmbeo céu
incorporando, em seus arranjos e harmonias,
saborosas cores.
Amainara a carga de melancolia:
impulso à formação de novos olhares
- pequeno resto de mim.
Um grito que chega ao silêncio,
da sanidade com a despirocação
para preencher os buracos da vida, tantos, imensos.
Coloco para fora a língua e sinto o gosto do sol.

26 de out. de 2008

Mise en scéne

À renúncia aos amores
retribuo-te com algo que ainda não tenho.
O ato de silenciar em mim é instintivo,
um sentir quase palpável, diluído, liqüefeito.
É preciso saber colocar a topografia dos teus recantos,
enterrar e esconder o sentimento embolorado, fora do eixo.
Te condenso em letras e imagens.
Reconstruo-te das frestas:
a necessidade da completude de alento não serve.
Diáfana, toda a minha pele vibra em tremores de reminiscência.
A boca em meio ao tempo escuta um surrealismo do acaso,
traçado de maneira tão concisa quanto possível.
A concepção primordial encerrada num labirinto
se dissolve numa torrente de lágrimas.

18 de out. de 2008

Esboço


Ando meio gato
a lamber os escombros meus.
Fremo, encontro-me vazia de emoções
que em mim cabem.
Um estado de desconsideração
enquanto eu não amava: essa coisa patética, palpitante, tremula.
No entorno o silêncio é sincero-
afago meu cheiro, minha cor-
fragmentos de mim.

12 de out. de 2008

Buscadora de idéias

A par das correntes de sofrimentos indizíveis,
desenha todo o processo em linguagens estáticas.
Desprende da mesmice cotidiana:
querer os meus quereres,
devorar as estradas,
di vagar.
Avançando de mansinho, invadindo até, quando menos perceber, chegar do outro lado dele...
do caminho e do descaminho.
Ele seduz e me faz esquecer o sol.
Estou à margem de uma fronteira subjetiva,
da descoloração pessoal.
No nada contido.
Tomemos a vida
eu mudo
tu calas
depositaria palavras
na tua alma
por acaso, talvez.

De lírios


The Kiss, 1892
Henri de Toulouse-Lautrec


Em gozos simples ou intensos orgasmos
Da boca foge o beijo:
Insultos à uivar no lusco-fusco.
O universo inteiro com tudo que ele comporta,
por instantes, despenha-se.
Vou parindo no âmago, meus cacos.
Que entram pela janela
e arrastam tudo pela frente.
Ganhava contornos patológicos,
arrastando minhas malas sobrecarregadas
de cinzentos suspiros.
No fremir de toda esta cotidiana odisséia,
sorrisos imóveis.
Falta quase nada pra sentir.
Da carne que guarda,
Amor exangue.

6 de out. de 2008

Escarro

Escancarava minha existência
Se eu der minhas entranhas
confabularia de rabo ao cabo.
Apontaria os trilhos da locomotiva rumo ao desconhecido
e faria em pedaços o plano paralelo de existência.
Goles quase insanos num denso poema musicado

5 de out. de 2008

Advento

No ensejo eu o vejo poesia.
Solenidade de um desejo intenso,
feito ordinário à mesa posta.
Uma avaria que instiga e repele a sua busca egocêntrica.
Deixo-me contaminar pelos entediantes impasses
sobre estreita ponte.
Impacto profundo no tempo de menos, como eu nunca veria.
Mudam os amores em nós, desertos da ambiguidade safada.
Isso era quase um orgasmo

Livre

Trago um alvoroço de amor dentro do peito.
Meu corpo se enche de mundo, quando estás dentro de
mim. Por você desnudaria minha alma.
Alma que arrasta a minha comitiva, pouco mais que
nada, no desconcerto imperativo da dúvida.
Caminhante, sinto o chamado do mar que existia dentro
de mim como saudade.
O corpo denso da essência era o suficiente para uma
absurda felicidade.

28 de set. de 2008

Opiato

Fotografo minha alma e ela está vagando pelas nuvens. O amor é o mesmo desde o início dos tempos.
Minhas lágrimas desapareceram na chuva, gentilmente convencidas em consequência de você.
Aprendi a ler nas entrelinhas do destino, que tece a trama com cuidado. Teus braços me transportam para outra dimensão, onde as tonalidades da existência misteriosamente se colorem.
O quadro está sendo pintado por um artista imperfeito, ansioso, deslumbrado. Imaginei caminhos lineares, mas fiquei às voltas com as voltas da vida.
As tintas se misturavam, as tramas se desfizeram, se refizeram, e as cores me confundiram. Não percebi as mudanças.
Tudo o que senti, contemplei e experimentei desapareceu.
A vida desfez os pontos, embolou as linhas e transformou composição.

en avant


Estou procurando anjos, tentando encontrar a paz. Sigo movida pela mesma fidelidade, desconsiderando as armadilhas do amor, numa perspectiva eminentemente carnal.
A separação não está mais fora, entre mundo e palavras, mas no interior da alma. História de absurdos com improvisos vibrantes na natimorta capacidade de pensar (ou talvez uns fecundos ensaios).
O lado avesso da moeda encontra um tom menos afetado na arrogância dos medíocres. Coloca sua própria alma dilacerada e despojada a ponto de contagiar e comover.
O cheiro do seu sono permitia uma mobilidade de dominar as paixões, os impulsos e os fomentos.
Sucinta maiores reflexões sobre a possibilidade de encontrar o verdadeiro sentido do amor. Sobem e descem os anjos nos dias esquecidos de passar, na pureza de jamais procurar os culpados nem os inocentes.


foto: Kenner Campos

in vino veritas

Além da surdina dos butecos de esquina, dolorosamente honestos, como suportar os longos silêncios?
Uma farsa montada,tentando negar-lhes o efeito. Alcançando a poetização da vida,aquém das montanhas,além dos mares.
Suporto a mim mesma, para bem conhecer o nada. Magoaram-me o pensamento, barbarizaram-me a alma.
Não canto a dor. Fora dos muros exalava acordes suaves e brandos. Aprecio a finitude humana como espetáculo encantador do futuro. Um distinto silencio,imundo. Embriagava-me com lágrimas. Fonte de referência indispensável no acelerado processo de transformação. Esse possível desencanto talvez encontre sentimento contrário entre meus pares.
As escolhas são um diálogo que evaporam-se e sobem aos céus. Meras conclusões sobre as preferências declaradas ou inconfessáveis.
Valha-me Deus!
Valha-me Deus!


kelen
No momento reflito por quais caminhos seguir. Pregada àquele limite que não conheço bem, em algum lugar entre o nada e a existência que persiste.
Indesculpável indiferença tão dolorosa e por vezes consoladora, que eleva por um momento a voz de um desespero sublime.
Os elos que ligam-se e separam-se na grande viagem pelo mundo das paixões, saúdam suas diversidades como uma bênção. A maravilhosa complexidade humana estava relegada a um estereótipo, sem alimentar qualquer expectativa.
Resulta num panorama amplo sobre os momentos mais dramáticos do conflito verdadeiramente autoral.
A vida insistia em novas lições da mundanidade geral. Duro destino que partilham os que amam.

15 de set. de 2008

Verbo errante que andava solto pelos desertos,
era divindade nas encruzilhadas de viajantes
e bandidos.
Não era possível mas assim era.
Nunca houve um artista como ele, guardião
do portal e dos povos do mundo.
Nesta terra pela noite envolvida
e de magnificiencia incomparável,
a lâmpada da minha alma flameja sem hesitar.
Eleva meu coração e alegra meu espírito.
O sol já ia alto no céu.
Abraçava a terra, cobria-a, beijava-a.
Sobre tua estrada havia sempre a sedução,
que o remetia vorazmente às rodas de fogo.
Ocultava porém uma grande frustração:
esperava ansiosamente ouvir os sons,
aqueles dos outros mundos que os sonhos
do homem construiu.
Ele se ergueu doído, magoado,
num transe de amor insatisfeito.
A passos de lobo, como se houvesse apenas um vento,
voltou-se com todo respeito para dentro do céu
(os celestiais assim quiseram).
Seus longos cabelos flutuavam sobre os montes,
tão pleno de encantos.
"Carregar-te-ei de qualquer forma"
Com essas palavras o anjo desapareceu.
Ele tinha o poder de ler os corações humanos.

8 de set. de 2008

Por que te havia eu de amar pela escuridão da noite,
nos lugares ermos e às horas mortas do alto silencio.
Elegia uma sofrida e mutilada, mal refeita de uma dor
que talvez não tenha cura.
É uma gota irrelevante e amarga num oceano de desilusões
e falsas promessas.
Quão fundo é o abismo cavado neste coração pela desventura.
Eu amei como ninguém talvez ainda o amara.
Meu coração de fogo queimou-me o viço da existência
ao despertar dos sonhos do amor que o tinham embalado.
A consciência mentiria a si própria se duvidasse
um instante das promessas do poeta.
Seus risos, seus beijos já não eram meus.
E um dia ele partiu.
Partiu e deixou meu coração cheio de vícios seus.
A voz sufoca-me a garganta após longas noites
perdidas ao relento. Emudeci.
Eu vos esperava há tempos, e no meio de minha melancolia,
de minha tristeza, estremecia de amores e agonia.
Ilumina, porem, não finaliza.
Aqui há folhas inspiradas pela natureza ardente do corpo,
como nem Dionísio sonhou. A realidade não era assim tão simples.
Quando sopraram os ventos da mudança, sem casa e sem direção,
não havia lugar distante demais.

7 de set. de 2008

Diário de bordo de um coração partido

Escrevo sobre o corpo nu, pintado com sangue, trechos de memorias de meu amor-cão.
Esquartejei minha estimada coleção de sonhos apodrecidos pelo tempo, esse senhor impiedoso cheio de truques baixos e sujos.
Traço os contornos e as perspectivas de um Apocalipse iminente, quase um mantra
de um sedentarismo metafisico.
Amor, prefiro não comete-lo, a esconder verdades inconfessáveis sobre o medo e a culpa, mera descrição das experiências vividas e a ansiedade em vivencia-las.
A sensação é de algo mal-resolvido. Coisas inteiramente obscuras vem a tona de forma velada, não com revolta, mas com total aceitação.
Vivendo no poço sem fundo do esquecimento vejo miragens de pessoas vazias de olhos esbugalhados, atormentadas por demónios praticamente invenciveis. Oportunidade rara e especial de olhar, ainda que de relance, para dentro da alma.
Visto o amor como uma peça ambígua, que enfeita e machuca ao mesmo tempo. Sua cortina de laminas me impede de ultrapassar a redoma criada em um misto de proteção e afastamento. Uma espécie de cegueira involuntária.
Cores diferentes alcanço, no efeito entre a realidade e a ilusão, a verdade e a turbulência, questionando a fisicalidade das coisas do mundo e reorganizando-me segundo minha poética banalidade sentimental.
Acredito que haja uma verdade mais ampla e profunda quase que exclusivamente do lado escuro do homem e da vida.
Não escrevo o que vejo, mas o que sinto.
Não toco a vida com a ponta dos dedos. Faço com paixão, com entrega.
Toda energia compactada num gesto ainda não completo, todas as estradas à frente, nenhum peso às costas.
Afinal encontro a paz no momento imediatamente antes do salto.
O hoje absoluto repleto de amanhã.

6 de set. de 2008

Título obrigatório

A loucura me beija de manhã. Desperta meus olhos ao nascer do sol. Celebro a vida entre irmãos.
Não pude ver, senão por acaso, outra coisa interessante.
O amor e a harmonia equacionam a soma de todo planeta em sintonia com o grande fluxo de informações.
Vasto mundo concretista. Só restou a repetição do caos.
Imagens impressas em espelhos que não espelham; criam simulacros repletos de significação, concentrados em fazer uma exaltação sem sutileza nem densidade.
Mil possibilidades sonoras. A musica é que é importante.
Meu pensamento abismara-se no nada, contrariando o tempo e minha história.
Perdida na lembrança esmaecida de um passado feliz e na promessa de um futuro de remissão, a duvida preenche minha mente.
Jamais sonharia com isso. Um elemento estranho dentro de um álbum cheio de força.
Os pés sujos pelo pó e pelos anos se tornam palco de historias que vivem ali seu crepúsculo. Acrescentando uma certa dose de melancolia e sensualidade pela escolha vivida.
Descubro uma vigorosa paixão pela palavra, com uma grandeza muito tranquila. No seu belicoso emaranhado transformo o amor em ensaio harmonico embutindo uma linda e única afinidade eletiva.
Monumental agrupamento de corpos, bebem uma inacreditável vestimenta na ausência de ética. Materializam os conflitos da mente em dissolvência e divisam o ventre de Gaia em momentos tocantes de pura entrega. Alguma complexidade psicológica alem do alargamento antropológico.
Insano chicote que marca a diária tortura, temo não ver mais seu rosto se iluminar. Não pare aqui. As estrelas se recusam a brilhar.

4 de set. de 2008

Paradoxo mozaico cosmologico

Despertai, olhai para fora e percebei o vento.
Contemplai o oceano, a linha que quebra as ondas.
Aqui é um outro mundo, outra dimensão.
Dimensão liquida, cor azul e balanço. Tudo vibra, eternamente, como um sedutor, buscando na pluralidade das experiências amorosas, o sentido da sua vida.
Recuperai os restos mortais... intelecto e espiritualidade, no caleidoscópio de memórias.
Travessia de sensações.
Desvendai a encorpada neblina sobre o entendimento cosmogonico. A paz no meio da guerra.
Meu lotus de mil pétalas, que ocultou toda sua luz até que a terra e o céu tivessem a mesma cor, conte-me uma historia que fale do amor verdadeiro. Sobre a cor, o movimento e uma sensualidade profunda.
Uma historia tão importante quanto passa a ser aquele rumor difuso que envolve existência, cujo coração esta desde o começo.
No nosso iluminismo fluorescente de boteco, um flerte apaixonado com a musica, parece desenhar uma delicada curva e reconquistar os perfumes de nossa infância.
A resposta esta soprando com o vento. Antes e depois dos anos, como uma mescla de dois caminhos em confronto com a brutalidade do real

23 de jul. de 2008

Rogo ao mundo que sossegue meu coração,
para que eu possa pousar na lápide fria dos mortos,
meus antigos amores, e não senti-los.
Atravesso a vida na minha almadia, carregando baús de memoria.
Todo esse tempo havia passado em contemplação.
Em vê-lo, ama-lo, em sonha-lo.
Aquela lágrima solitária,
A espera pelo seu amor,
Me feriam.
Se mesclavam ao magno concerto dos corações partidos.
Doía-me profundamente aquela dor.
Quisera eu ser dona dos teus devaneios, ser parte dos teus sonhos, ser tua musa.
Não, os que amam verdadeiramente não sentem a impaciência da separação.
Porém, não beijo o futuro para poder não sonhar contigo.
Sou totalmente tua e não me importa quem sejas.
Logo as lágrimas inundam meus olhos, e espero a cessação de todos os sonhos, todas as palpitações.
Chorava na embriagues da primavera, sob o fogo do sol de Adonis. Entre gritos despedaçadores, tudo se confundia. Em consequência disso, mil temores, mil visões.
A minha face, essas malditas lágrimas ainda queimam.
Quereria saber que me engano, que coisa mais cruel para o coração
Da liberdade santa, `a oferenda graciosa da seiva virginal, fiz no antro selvagem meu leito de amor.
Até os infernos dos meus amores cães, sedentos, que na lama deixavam meus lábios ainda queimados dos seus.
Quis tomar todo o gozo da existência. A saciedade é um tédio terrível
Na minha barca esperava eu sempre, mas não ouvi o canto das sereias.
O amor é fatal.
Matai-me então...

17 de jun. de 2008

Morrem na embriaguez da vida, as cores.
O que dirá o céu?
Um grito pingará pelo ar.
O único som que ouvirei depois disso
Será o som do cheiro dos seus passos.
Tudo me parecia um sonho.
Um desses sonhos a que a alma se abandona
ao som das águas.
Um silêncio de eternidade.
Quem ousa tomar nos braços o amor
e conduzi-lo por cima do abismo?
Quem ousa jurar sobre a cruz de sua espada
que sem vacilar o fará?
O amor, sentado sobre a rocha,
devorou-me todos os outros sentimentos.
Como a lava candente devora tudo o que encontra,
quando o vulcão a vomita.
Qual será a cor de tudo
quando o amor chegar para buscar você?
O que dirá o céu?
Procuro deliberadamente as cores.
Mas é necessário adivinha-las,
é necessário evocá-las do fundo escuro da montanha.
Trazê-las a luz
Mas é preciso querer absolutamente.

4 de jan. de 2008

Desfia dores que mantem
profundo corte na cicatriz (aquela).
Vagabunda dor.
No rosario de contas carpideira
dores que tenho tao somente.
Talvez esse tempo que desliza
seja um bastardo;
faz abrigo da tristeza.
Um salto no abismo profundo
num acorde silencioso.
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