20 de nov. de 2008

In sanidade II

No arrebatamento que me toma
confiada ao seu engodo há tantos idos,
despejas demasiado violenta sobre mim,
complexa e lenta ruminação -
do que entender não posso.
Gritos surdos, desabrigados,
insistem em enfiar as unhas na alma, dilacerando mundo.
Subindo a passos largos,
num impulso agarra as mãos lugubremente em farrapos, iracunda.
Exasperava e me ascendia em vão,
mergulhando nas garras da loucura.
Sobrepujar em eloquencia era apenas o reflexo
do sofrimento e da dor, paridos todos.

18 de nov. de 2008

Findo

O instante me foge,
sentimentos estanques, inertes.
Fôra apenas um contratempo pragmatista,
destravando as portas para percorrer sozinha,
o resto do mundo.
Ofuscantes luzes refletiam-se fluorescentes
nas imagens do meu corpo traçadas no chão.
Renasço arrancando violentas lembranças
de redimida alma minha: para insistir na imagem,
que fatigada a conta regressa.
Ponto.

17 de nov. de 2008

Salvar-me de mim

Não sou cult
Não sou cool
Nem uso grifes
Não sou moderna
Não sou retrô
Nem tenho grana
Não nasci em comunidade alternativa
Não sou filhinha de papai
Nem filha da puta
Não ouço Barnabé
Não ouço
Nem Tom Zé
Não sou hippie
Não sou chic
Nem beatnik
Sou mulher, inconstante
Sou querer
Sou poeta.

13 de nov. de 2008

...

Dadas acomodações adequadas e
arquétipos impostos,
este perene devaneio
errante, ulula.
Ofegante e visceral, o pensamento-matéria
nunca se perdeu no emaranhado.
Enuncia cada verso em
aparições midiáticas -
mera decadência dissonante.
Às favas com as armadilhas da incompreensão que nos espreitam.
Berlotas por trás dos elos que nos unem,
cérebro nosso de cada dia,
essas conexões evidenciam.
Fumá-los todos ia.

6 de nov. de 2008

In sanidade


Na disparidade entre os sentires,
prefiro dissolver-me
ao longo das andanças e percalços
de minha história.
Rarefaço plúmbeo céu
incorporando, em seus arranjos e harmonias,
saborosas cores.
Amainara a carga de melancolia:
impulso à formação de novos olhares
- pequeno resto de mim.
Um grito que chega ao silêncio,
da sanidade com a despirocação
para preencher os buracos da vida, tantos, imensos.
Coloco para fora a língua e sinto o gosto do sol.