24 de set. de 2010

Amor com gosto de tangerina

Meu sangue escarlate-dourado
Ferve pelo azul da esfera celeste.
Intransponível era seu amor
No muro dos segredos,
Aludindo estranhamente
Uma cumplicidade iminente.
Encontro lírico na alma-espelho:
Sentimento sólido e arraigado
Aquecendo meu peito.
Permita que minhas cores e notas o alcance
E caminhe comigo pelo translúcido manto
Do amor divino.
Amor com gosto de tangerina

19 de set. de 2010

Achado (parceiros líricos)

O amor que atormentava minha alma
E dilacerava meu coração,
Prosseguiu em brados cada vez mais altos,
Agudos, aterrorizantes.
Doravante cheguei ao cume luminoso
E sereno da montanha.
O cavaleiro salvou a princesa.
E de mãos dadas tornou-se seu mestre.
Entrementes no devir do desanuviar
Os baús de memórias transbordantes
Desprenderam uma fumaça margenta-azulada
Na sua irremediável vagabundagem etílica.
Com o coração alvoraçado de felicidade
Deleito-me na música-cor de melodias tão harmoniosas
Presenteadas pelo universo
Numa antiguidade reluzente,
Hermeticamente fechada e tornou-se o céu aberto
Do cavaleiro das nuvens.
Hoje sinto a quietude da paz
Do amor consumado.
Cores floreiam o céu iluminado pela cor-metal
Do alumínio.
Vivo o momento.
A dor iracunda transformou-se
Arco-brilho-íris
Transbordando de felicidade
Um coração que já não sentia.

Illuminare

Na sua força e beleza
Vi erguer a luz consoladora.
O mágico aprendizado
Crescido e florido
No amor divino.
Por eles minha será sempre imensa demais.
Que venha a hora do amor
Como o fogo do sol,
Da eternidade ao recomeço.
Assim me libertas.
Ciência e paz
Só esperam a colheita.
Centelha de ouro
Da luz natureza.

17 de fev. de 2009

Não, hj não to pra morte lenta nem cheiro de sangue
Amor num tom opaco
distorcido
amassado
A luz não foi suficiente
Olhos cerrados de sonho e medo
Me ponho em postas,
onde não consigo chegar
Usando amor contido, passo mal
Me passe a gilete, por favor?

16 de fev. de 2009

Amor em pele quente

Quando a verdade me transbordou
Me veio como se fosse despertar
Tudo monocromou
Alguém ai tem uma cor pra emprestar?

Esse vento ladrão
Roubou meu jardim
como viver sem pedaço de chão?
Ai ai, o que será de mim?

O amor teimou em escorrer
Dentro ficou por demais
Quero sereno querer
Vento nos terreiros, nos quintais.

A minha lagrima era de compromisso
meu coração desvalido
Cuspido pelo caminho omisso
Vomita a dor e o medo.

8 de fev. de 2009

Caminhante

A completude me foge hemorrágica
Trago em meus olhos não mais girassóis,
Papoulas com seus belos movimentos
Nos lilases de meus versos.
Eu andei nesta estrada

Rarefaço patchuli
andarilha dos sonhos,
Na fogueira espiral Beltane me vem
Em Valhalla
amaria-te de manhã
No ocaso choraria nos teus lençois
Envie-me teus beijos como chuva, enchendo-me de vermelho

Na canção que vaga pelo universo
Serei o agora
No vento há uma revolução
Dos girassóis nos olhos
À cega-faca no obstáculo cinzento.

7 de fev. de 2009

Idea fix

Não há muito para levar
Não há lugar para se esconder
Alforriada alma,
Efêmeros-eternos

Grandes silêncios permeiam
A saudade que minha boca sentia
Procrastinação da melhor qualidade
Para mais de uma vida

Nunca doeu tanto quanto as palavras não ditas
Mais uma vez, silêncio
Paradoxo temporal... alarga-se a crise
Afinal, ele tinha a música.

Vezenquando
Amor com limite máximo
O sol escorre pelo rosto
Fátua, colocarei o céu na sua boca

Assim venho aprendendo as não-despedidas
Um enrolar descontínuo de incertezas
Mas nós podemos amar no alto do paraíso
Eternamente

2 de fev. de 2009

Lua Nos Dentes

Para Corações Arrastados, Sem Eira Nem Beira
Quando Muito, Poupados
O Deposto Mistério Esgueira

Em Sarais Recitados
A Carne Costumeira
Um Sonho Levado, Um Outro Permeia

presente contínuo

Ao incauto espectador
um estado de agonia constante,
Diante da fresta, fome de lobo.
Morri madrugadas sem tempo.
A cada dose, uma promessa de cura
num incansável trocar de lentes,
que me acompanhava desde muito.
Poderiam bem ser dispensados
“com os mesmos olhos pedintes e o mesmo bramir no peito”
Minha verve
incoerências gritantes.

28 de jan. de 2009

Amora

Nos tempos perdidos
Onde o amor será rei
Para que retorne em flor,
Eu dançarei.
Há paz para dividir a fogueira,
E não existe montanha tão alta,
Que eu não possa ouvi-lo me chamando
Para a terra prometida
A língua tem a sua vontade;
tempos de palavras feridas.
Penso nas cores
que me fazem mulher.
Retomo o meu caminho certo
E isso me faz sorrir...
Eu prefiro o gosto do vento
e danço nas calçadas
Migalha de nada
Eu sou o que sou
e você espera por mim
Quando a vida se exibe,
É um transe encantador.
Eu existo
para que tenha seu tempo
de todo o meu amor.
Sob o sol
você é minhas gotas de chuva

Eu lhe darei todos os meus sonhos
Como nuvens ao nascer do sol.

1 de dez. de 2008

In sanidade III - o fim

Virtuosos vibratos contidos
A fronteira simboliza bem,
Gravidade imponente pos-permissividade.
Compreensão desse ardil imanente,
Ensimesmado.
A alienação e a agressão
Código de sobrevivência que vigora.
N’alma minha, celeuma causada.
Fátuo
Desnuda precedentes
Distante dos mínimos princípios.
A verdade era desesperadamente importante,
Eu suportei até quanto pude.
A paixão possui um poder pernicioso
Segredos perdidos da sua feitura.
Meu amor adormeceu de modo inquieto,
Uma sombra cobriu meu coração
Miseravelmente escravizado.
Chorando pela dureza do mundo
O tormento já era quase insuportável.
Não havia nada mais, nada que valesse a pena-
Remoer sentimentos.
O amor o devorou.

20 de nov. de 2008

In sanidade II

No arrebatamento que me toma
confiada ao seu engodo há tantos idos,
despejas demasiado violenta sobre mim,
complexa e lenta ruminação -
do que entender não posso.
Gritos surdos, desabrigados,
insistem em enfiar as unhas na alma, dilacerando mundo.
Subindo a passos largos,
num impulso agarra as mãos lugubremente em farrapos, iracunda.
Exasperava e me ascendia em vão,
mergulhando nas garras da loucura.
Sobrepujar em eloquencia era apenas o reflexo
do sofrimento e da dor, paridos todos.

18 de nov. de 2008

Findo

O instante me foge,
sentimentos estanques, inertes.
Fôra apenas um contratempo pragmatista,
destravando as portas para percorrer sozinha,
o resto do mundo.
Ofuscantes luzes refletiam-se fluorescentes
nas imagens do meu corpo traçadas no chão.
Renasço arrancando violentas lembranças
de redimida alma minha: para insistir na imagem,
que fatigada a conta regressa.
Ponto.

17 de nov. de 2008

Salvar-me de mim

Não sou cult
Não sou cool
Nem uso grifes
Não sou moderna
Não sou retrô
Nem tenho grana
Não nasci em comunidade alternativa
Não sou filhinha de papai
Nem filha da puta
Não ouço Barnabé
Não ouço
Nem Tom Zé
Não sou hippie
Não sou chic
Nem beatnik
Sou mulher, inconstante
Sou querer
Sou poeta.

13 de nov. de 2008

...

Dadas acomodações adequadas e
arquétipos impostos,
este perene devaneio
errante, ulula.
Ofegante e visceral, o pensamento-matéria
nunca se perdeu no emaranhado.
Enuncia cada verso em
aparições midiáticas -
mera decadência dissonante.
Às favas com as armadilhas da incompreensão que nos espreitam.
Berlotas por trás dos elos que nos unem,
cérebro nosso de cada dia,
essas conexões evidenciam.
Fumá-los todos ia.

6 de nov. de 2008

In sanidade


Na disparidade entre os sentires,
prefiro dissolver-me
ao longo das andanças e percalços
de minha história.
Rarefaço plúmbeo céu
incorporando, em seus arranjos e harmonias,
saborosas cores.
Amainara a carga de melancolia:
impulso à formação de novos olhares
- pequeno resto de mim.
Um grito que chega ao silêncio,
da sanidade com a despirocação
para preencher os buracos da vida, tantos, imensos.
Coloco para fora a língua e sinto o gosto do sol.

26 de out. de 2008

Mise en scéne

À renúncia aos amores
retribuo-te com algo que ainda não tenho.
O ato de silenciar em mim é instintivo,
um sentir quase palpável, diluído, liqüefeito.
É preciso saber colocar a topografia dos teus recantos,
enterrar e esconder o sentimento embolorado, fora do eixo.
Te condenso em letras e imagens.
Reconstruo-te das frestas:
a necessidade da completude de alento não serve.
Diáfana, toda a minha pele vibra em tremores de reminiscência.
A boca em meio ao tempo escuta um surrealismo do acaso,
traçado de maneira tão concisa quanto possível.
A concepção primordial encerrada num labirinto
se dissolve numa torrente de lágrimas.

18 de out. de 2008

Esboço


Ando meio gato
a lamber os escombros meus.
Fremo, encontro-me vazia de emoções
que em mim cabem.
Um estado de desconsideração
enquanto eu não amava: essa coisa patética, palpitante, tremula.
No entorno o silêncio é sincero-
afago meu cheiro, minha cor-
fragmentos de mim.

12 de out. de 2008

Buscadora de idéias

A par das correntes de sofrimentos indizíveis,
desenha todo o processo em linguagens estáticas.
Desprende da mesmice cotidiana:
querer os meus quereres,
devorar as estradas,
di vagar.
Avançando de mansinho, invadindo até, quando menos perceber, chegar do outro lado dele...
do caminho e do descaminho.
Ele seduz e me faz esquecer o sol.
Estou à margem de uma fronteira subjetiva,
da descoloração pessoal.
No nada contido.
Tomemos a vida
eu mudo
tu calas
depositaria palavras
na tua alma
por acaso, talvez.