28 de set. de 2008

Opiato

Fotografo minha alma e ela está vagando pelas nuvens. O amor é o mesmo desde o início dos tempos.
Minhas lágrimas desapareceram na chuva, gentilmente convencidas em consequência de você.
Aprendi a ler nas entrelinhas do destino, que tece a trama com cuidado. Teus braços me transportam para outra dimensão, onde as tonalidades da existência misteriosamente se colorem.
O quadro está sendo pintado por um artista imperfeito, ansioso, deslumbrado. Imaginei caminhos lineares, mas fiquei às voltas com as voltas da vida.
As tintas se misturavam, as tramas se desfizeram, se refizeram, e as cores me confundiram. Não percebi as mudanças.
Tudo o que senti, contemplei e experimentei desapareceu.
A vida desfez os pontos, embolou as linhas e transformou composição.

Um comentário:

Anônimo disse...

O ponto, às vezes irônico, de lermos esses tipos de devaneios, se assim posso dizer, é você perceber qual a sua interpretação de tudo isso, ao passo que se questiona o que o próprio autor quis dizer com aquilo.
É você colocando a sua interpretação de frente com a dele.

As palavras do autor demonstram aquilo que ele estava sentindo, mas as mesmas palavras, para outra pessoa, podem condizer, mesmo que sob outro contexto, exatamente com aquilo que ela também está sentindo.
Em outras palavras, é as palavras do autor fazendo sentido para você, mesmo que não tenha sido aquela a interpretação dele.

Todos nós imaginamos, ou ao menos esperamos, caminhos lineares para todos nós. Por mais não-lineares que muitos possam ser, o simples fato de querer, desejar algo, já é um linha linear que você tenta desenhar. Mas sempre ficamos mesmo "às voltas com as voltas da vida" quando vemos que nada daquilo foi realmente como esperávamos que fosse.
Como lidar com isso vai da flexibilidade de cada um. E é essa flexibilidade que diz como as tramas vão se desfazer e se refazer.

Infelizmente vivemos em um mundo que as coisas são muito... voláteis? Passageiras. Meras. E tudo o que sentimos, contemplamos ou experimentamos, desaparece.
Desaparece. Tão simples assim.
É tudo muito momentâneo, intenso e rápido.
Não há algo que lhe prenda a algo.
Após um prazer imenso, dormimos e acordamos no dia seguinte com a consciência que o prazer se foi. Passou.

Gostei do escrito. Ficou legal. Dá para se identificar com muitas coisas.
Tenho certeza que ao ler novamente vou enxergar pontos que, de imediato, não consegui enxergar.
Ficou bom o trabalho. :)